Saúde

Por que a Holanda é considerada o país das bicicletas?

Você sabe por que a Holanda é considerada o país das bicicletas? Basta olhar um pouco para os números e entender como as bikes fazem um sucesso fora do comum com os holandeses. Para se ter uma noção, na Holanda existem cerca de 23 milhões de bicicletas para uma população de 17 milhões: uma proporção de 1,35:1. Ou seja, 1,35 bicicletas para cada habitante do país que usufrui dos benefícios de emagrecer andando de bike.

Além disso, outros dados surpreendem: cerca de 84% da população holandesa usa as bicicletas como principal meio de transporte, utilizando-as diariamente e poupando o trânsito e o transporte público da grande demanda da população. Além disso, são pelo menos 88 mil quilômetros de ciclovias espalhadas pelo país, permitindo que haja quase tanta estrada quanto ciclovias.

Mas por que isso acontece? Como a Holanda se tornou o país das bicicletas? Vejamos no artigo abaixo com uma breve explicação histórica sobre o assunto!

Como a Holanda se tornou o país das bicicletas?

Apesar de hoje ser o país com maior adoção das bicicletas no dia a dia e maior presença cultural das bikes, a Holanda nem sempre foi um país apaixonado pela magrela. Pelo contrário: em certo momento da sua história, a Holanda simplesmente negligenciou e menosprezou o impacto que as bicicletas poderiam ter.

Mais ou menos entre os anos 50 e 60, vivendo o período do fim da Segunda Guerra Mundial (que foi muito próspero no mundo todo), a Holanda viu suas ruas serem tomadas por automóveis, com o sumiço das bikes (um movimento comum no planeta todo). Grande parte do movimento econômico que levou ao boom da economia mundial no pós-guerra aconteceu por causa de fábricas de produtos de alto valor agregado, como os automóveis. Os carros foram, de certa forma, uma das maneiras de movimentar a economia após a tragédia da Segunda Guerra Mundial.

Isso fez com que o tráfego automotivo se intensificasse muito e começasse a trazer prejuízos para a vida na Holanda. Suas estradas agora viviam congestionadas e o número de acidentes de trânsito simplesmente disparou no país.

Um dos fatores que agravou essa crise foi o fato de que o país não havia sido projetado para tantos carros. Além do espaço diminuto, o fato é que muitas das cidades holandesas são antigas e não havia grande espaço nas ruas para os automóveis. Isso ampliou o problema do tráfego intenso e do número de acidentes.

Em 1971, o país bateu o recorde de mais de 400 crianças mortas envolvidas em acidentes de trânsito e alguma coisa precisou ser feita. A população saiu às ruas locais pedindo por mudanças. Dentre as reivindicações estavam o maior investimento na criação de ciclovias e melhor infraestrutura para os ciclistas, além de medidas para reduzir a presença e quantidade de carros nas ruas.

Inicialmente, as reivindicações não foram ouvidas e nem atendidas (como de praxe), mas o movimento permaneceu firme. Manifestações foram marcadas todos os dias por um longo período, fazendo com que o governo finalmente ouvisse e fosse obrigado a atender ao que era pedido pela população.

Um fator econômico ajudou a acelerar esse processo: a crise do petróleo nos anos 70, que aumentou muito o preço dos combustíveis no período e tornou o uso de carros ainda menos vantajoso para as pessoas. Com o aumento da demanda por mais ciclismo, os movimentos de rua aumentaram as suas manifestações e dominaram a pauta local.

O resultado dessa pressão toda foi uma reformulação total na maneira de pensar o transporte no país. As principais cidades da Holanda começaram a investir em mais ciclovias e em mais estrutura para os ciclistas e, logo, as cidades menores seguirão. Não é à toa que, hoje em dia, a Holanda tem 3 cidades no Top 5 de melhores locais para pedalar no mundo.

Portanto, é isso. Se você achava que somente a geografia amigável às bicicletas era fator o suficiente para explicar a popularidade desse meio de transporte na Holanda, estava enganado. Foi preciso muita força política e manifestação para que isso acontecesse.

Vale lembrar que, nesse momento, vivemos uma situação muito parecida com a Holanda dos anos 70. Com a gasolina a R$7,00 o litro, temos uma crise de combustíveis que está jogando a população para o caminho das bicicletas. Será que conseguiremos aproveitar o momento para também investir em uma maior infraestrutura ciclista no nosso país? Eventualmente teremos cidades tão preparadas para o ciclismo quanto Amsterdam? O que você acha sobre o assunto?

Agora que já vimos por que a Holanda é considerada o país das bicicletas e como ela chegou nesse ponto, podemos considerar se um dia o Brasil também poderá se tornar um território semelhante, com grande foco na bicicleta como meio de transporte para a população. Será que isso algum dia acontecerá? O que você acha?

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